Declarações de Ministro Paulo Chachine Geram Polêmica em Meio a Mortes e Uso de Balas Reais em Manifestações

 


Declarações de Ministro Paulo Chachine Geram Polêmica em Meio a Mortes e Uso de Balas Reais em Manifestações

Maputo, 20 de março de 2025 – As declarações do Ministro do Interior, Paulo Chachine, continuam a gerar indignação em Moçambique, à medida que aumentam as denúncias sobre repressão violenta durante manifestações.

Na quarta-feira (19), um dia após o "feriado nacional paralelo" convocado pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, em homenagem aos "verdadeiros heróis do povo" no dia 18 de março, o país registrou mortes, feridos por balas reais e detenções supostamente ilegais por parte da Polícia da República de Moçambique (PRM). Diante desse cenário, Chachine reafirmou publicamente que "não há ordens para uso de balas reais durante as manifestações", questionando ainda quando elas teriam sido utilizadas. Ao ser confrontado por uma jornalista sobre o ocorrido no dia anterior, sua resposta evasiva gerou ainda mais desconfiança.

O ministro, que participava de uma cerimônia de mobilidade de quadros no Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e em outros setores do Ministério do Interior (MINT), insistiu que a polícia opera "dentro dos limites da lei e com os meios necessários para cada atuação". No entanto, suas palavras intensificaram os apelos para sua exoneração por parte do Presidente da República, Daniel Chapo.

A polêmica em torno da repressão policial não é recente. No último dia 5 de março, poucas horas antes da assinatura dos termos de referência para um diálogo político inclusivo, agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) abriram fogo contra a comitiva de Venâncio Mondlane e manifestantes na avenida Julius Nyerere, deixando mais de 16 feridos e resultando na morte de duas crianças. Contudo, a PRM admitiu apenas nove feridos e negou qualquer morte, segundo o porta-voz Leonel Muchina. Na ocasião, Chachine justificou a ação alegando que o objetivo era impedir que a multidão avançasse em direção ao Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano.

Organizações da sociedade civil já contabilizam mais de 350 mortes desde outubro de 2024 em decorrência da repressão policial durante manifestações. Além disso, milhares de feridos por disparos de balas reais e detenções arbitrárias estão sendo relatados. Diante desse cenário alarmante, a Anistia Internacional exige uma investigação independente e imparcial sobre os episódios de violência no país.

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