**Maputo, 19 de abril** – Uma marcha pacífica organizada por ativistas e membros da sociedade civil foi impedida neste sábado pelas autoridades moçambicanas na cidade de Maputo. O protesto visava exigir justiça pelos recentes casos de assassinatos, raptos e desaparecimentos de jovens no país.
A concentração teve lugar na zona da Estátua de Eduardo Mondlane, onde dezenas de manifestantes se reuniram para dar início à caminhada. No entanto, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da polícia impediu a realização da marcha, alegando falta de condições para garantir a sua realização.
Os agentes estavam fortemente armados e posicionaram-se com viaturas equipadas com canhões de água e gás lacrimogéneo. Alguns manifestantes ainda tentaram caminhar pela Avenida Eduardo Mondlane, entoando palavras de ordem como “Povo no poder” e “Salve Moçambique, este país é nosso”, mas foram prontamente dispersados pelas forças de segurança.
A manifestação surgiu na sequência de uma tentativa de assassinato contra o músico Joel Amaral, conhecido como DJ Trufafá, supostamente alvo de esquadrões da morte. A vítima é próxima de Venâncio Mondlane, figura política da oposição, o que aumentou a tensão.
Clemente Carlos, um dos organizadores do protesto, classificou a atuação da polícia como repressiva e questionou a liberdade de manifestação no país. “Apenas o partido FRELIMO pode marchar livremente. Isto é um claro sinal de ditadura”, afirmou.
Outro ativista, Ivandro Sigaval, explicou que os organizadores haviam comunicado previamente à polícia sobre o caráter pacífico da manifestação. Segundo ele, houve um encontro com o comandante-geral para apresentar os detalhes do evento, conforme previsto na Constituição.
Apesar dos apelos e tentativas de diálogo, as autoridades mantiveram o bloqueio à manifestação, utilizando inclusive viaturas blindadas e de transporte de efetivos para conter os manifestantes.
Não foram registradas detenções, mas houve momentos de tensão entre policiais, manifestantes e jornalistas presentes no local. Os organizadores afirmaram que pretendem reagendar a marcha e continuar a exigir justiça pelos casos de violência que vêm afetando a juventude moçambicana.